MEU PAI

MEU PAI
Fui me deitar cedo para responder ao chamado do cavaleiro Verde.
_ Viu meu filho! Estava tudo pronto para te pegarem na armadilha!
_ Vi! Agradeço a Deus por ter me avisado das consequências desta triste roupagem!
Eu me coloquei na vitrine para despertar o mal acobertado pelo mal.
Naquele instante me lembrei de uma vida passada onde eu tinha um homem de confiança que era o batedor da tropa. Sempre ia à frente para reconhecer os perigos e nesta sua última incursão ele caiu em uma emboscada. Foi morto pelos inimigos. Era como meu irmão de sangue, pois não tinha medo de morrer para me proteger. Depois de centenas de anos perdido na esperança de me reencontrar ele me achou aqui no templo. Veio, incorporou e conversamos. Estava com ódio de mim porque pensava que eu o tinha abandonado, mas não, ele havia sido pego na armadilha. Eu tive que passar com a tropa por cima dos inimigos para libertar os soldados sob minha regência.
Fiquei muito apreensivo e também chateado com a situação que se apresentou. Existe na lei dos espíritos: tudo que você faz ao próximo pagaras na mesma moeda ou até mais para compensar um erro. Eu diria assim, aqui faz, aqui paga.
Eu vi aquele batedor ali na minha frente impedindo de ser pego na emboscada. Novamente fez sua missão de me proteger.
Um jaguar do amanhecer quando prejudica outra pessoa ele vai pagar muito caro. Pai Seta Branca não gosta que se envolvam nos mesmos caminhos que viveram praticando eternamente.
Ao subir eu vi que a questão é o retorno da maldade. Sempre que fazemos algo a cobrança vem de outra maneira e pesada.
Conversei com meu cavaleiro e ele foi retirando a rede magnética que me colocou para evitar o confronto milenar. Nesta oportunidade eu tinha pedido proteção antes de sair de casa. A legião viu que eu iria para o matadouro.
Como é triste para os mentores ver tudo isso. Trair seu irmão é trair uma vida de evolução.
Eu guardei comigo as entranhas de uma cobrança que traria um suicídio. O destino sempre prega desordem para que a morte prevaleça. Eu tinha que evitar a morte, a morte estava rondando como lobo sentindo cheiro de sangue. Graças a Deus que a paz alcançou todos como antídoto curativo.
Mil anos se passaram da última roupagem. Mil e uma noite sem luar. Sempre embalsamado pelo desamor da injustiça e da desconfiança. Um sofredor a procura da libertação da prisão sentimental.
O mundo espiritual vai mostrar a resposta.
Fizeram a armadilha e vão ter que passar por ela de qualquer jeito.
Paguei por um erro que não era meu para libertar o passado da injustiça dos justiceiros.
Seta Branca viu tudo. Eu teria vergonha de olhar em seus olhos sabendo que o tinha traído.
A morte ainda não cumpriu seu papel e somente se afastou para dar tempo ao tempo. Quanto mais sofrimento mais ela se fortalece.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
30.01.2024

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!