NA ERA DOS OITOS


recebi um abraço muito carinhoso de uma moça que foi escrava.
Nesta história que vou contar eu não discrimino raça, cor e nem situação social. Eu só vou colocar na vitrine, porque muitos ainda são relegados pelas aparências.
Eu fui em missão especial entre o passado e o presente. Dois mundos distantes que só se reencontram nas marcas do destino.
Ao chegar havia uma grande fila de pessoas aguardando serem atendidas. Eu ia passando quando uma moça negra me viu e veio ao meu encontro. Ela sorria e chorava ao mesmo tempo e me abraçou com tanta força que eu senti seu coração palpitando.
Tempo passado ela foi uma de minhas escravas na casa grande onde sempre estava com a sinhazinha Janaina, pois eram muito amigas. Tempo presente ela está reencarnada na terra e continua sendo uma linda moça negra. Eu era como seu pai na fazenda de cana de açúcar. Havia muito respeito pelas ordens do dia.
Ao nos reencontrarmos a grande fila parou para nos observar. Eu nem sei o que pensavam ou diriam se tivessem a oportunidade. Sei que me fez um grande bem. Sei onde ela está vivendo, bem aqui perto. Eu jamais iria imaginar que ela estava perto se não fosse nesta viagem com destino certo.
Eu, esta madrugada, recebi a visita de uma ninfa que está desenrolado sua vida carmica. Eu sou igual a todos, carne, ossos e espírito. Minha fé em Deus e em mim mesmo me dá as oportunidades de abrir as portas lacradas.
O choro dos espíritos é algo que assusta, pois é na individualidade que nos conhecemos.
Eu estou feliz com a moça que se chama Tatiane. Queria lhe dar um abraço na terra, mas não sei como seria recebido. Vejam que o segredo dos espíritos continua trancado a sete chaves. Há os reencontros no mundo espiritual, mas os encarnados esquecem quando voltam para a terra.
A vida continua sendo explorada pelas reencarnações. Não seria a mesma vida se todos soubessem a sua verdadeira história. Pai pode estar casado com sua mãe. Sua mãe casada com seu filho. Isso jamais será revelado pelo espiritual.
Eu estou casado com Zélia que foi minha mãe na frança. As histórias se repetem em cada canto e são mantidas intactas pela verdade.
Você já parou para pensar que não existe casuismo (submissão total a ideias, sistemas de pensamento, doutrinas e princípios de toda espécie) e sim reflexão.
Refletimos o que pensamos. Agimos cegamente entre as verdades e as inverdades. Ninguém pode simplesmente julgar sem conhecer o sistema.
Na terra dos cegos existem muitas incoerências que levam as medidas duras e cruas.
Assim eu fiquei emocionado com a moça. Me senti abençoado por ela e seu gesto de filha. Estou feliz pelo reencontro.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An-Selmo Rá
03.11.2021

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!