Subi, meio chateado com certas incompreensões da terra e ao chegar no meu destino uma grande festa dos Katshimoshy estava acontecendo nesta vida espiritual.
Fui me integrando. Eles por sinal estavam com suas indumentárias integrados em meio ao povo daquele império rude e cheio de controversas. Eu estava com minha cigana quando vi Natasha passar para uma tenda. Eu precisava falar com ela de qualquer jeito.
Deixei minha cigana e fui atrás dela, mas tive que passar por cima do púlpito da praça. Subi e ao descer Natacha estava sentada nos degraus solitariamente pensando. Cheguei e já sentei ao seu lado, um degrau abaixo dela.
_ Minha querida Natacha! Eu preciso de esclarecimento! Preciso que me mostre a verdade!
_ Meu pequeno cigano! Eu estava vendo aqui a sua preocupação que em pensamento me atingiu! Você foi que descobriu o que fizeram dentro da mata?
_ Sim! Eu avisei e ninguém quis me ouvir!
_ Eu fui lá e vi também! Vi que fizeram tudo para desfazer este caminho missionário! Vi que o mal estava rondando a vida na terra e no céu!
_ E o que posso fazer minha cigana!
_ Eu vou te ajudar! Eu vou te ajudar! Uma coisa que volto a dizer para você e todos que te ouvirem! Hierarquia! Foi isso que eu ensinei a todos!
Ela pegou em minhas mãos e segurando forte beijou minha cabeça. Sua voz tomou uma dimensão extraordinária, ela parecia estar no firmamento, pois ecoava como se fosse em um vale. Naquele instante ela se integrou ao universo de sua missão.
Eu fiquei ainda sentado no degrau do púlpito respirando este ar cigano. O que mais fiquei admirado era com o envolvimento dos ciganos com o povo deste reinado. Eles se misturavam entre eles com seus trajes coloridos e simples. Não havia coisa mais linda que meus olhos já viram nesta encarnação.
O trabalho que eu vi e que ela foi ver também estava colocado dentro da mata. O despacho era para me matar e acabar com esta missão de Seta Branca. Só que não é bem assim que a música toca, o disco tem duas faces.
O que mais me incomoda é que eu tenho uma missão que jurei a Jesus e a Seta Branca neste amanhecer. Querem me tirar da minha condição de mestrado como se fossem donos de minha origem. Eu não vou seguir o caminho da terra sem ouvir os céus. Podem me criticar, podem me injuriar, eu posso até seguir sozinho, mas sei que Deus está olhando tudo e todos.
Às vezes, jaguares, os espíritos sem procedência querem desestimular seu comando jogando areia nos seus olhos. Tudo para que não veja as armadilhas do destino. A estes a dor vem em forma de doenças cármicas que atuam no físico para mostrar que o caminho está errado. Eu tenho as minhas dores que ninguém conhece e por isso respeito as dores do meu próximo.
Quando se jura uma missão e um sacerdócio são coisas distintas. Caso não cumpra pagaremos centil por centil. Missão é o espirito quem jura antes de reencarnar e o sacerdócio é onde ele vai prestar contas de sua evolução. Seria assim: cada pessoa que jurou uma missão terá que escolher um sacerdócio para se integrar e praticar a missão. Ninguém pode interferir no caminho de ninguém, pois estará dividindo o carma.
Coisa que mais me entristece e ver os desmandos doutrinários com insignificâncias. Perdem tempo com as mesquinharias materiais, físicas, e esquecem que temos nossos mentores observando nossas ações e reações. As pessoas fecham suas mentes e trilham pelos espinhos que dilaceram as almas.
Eu tive que subir e buscar minha origem cigana. Os ciganos eram almas livres e se endividaram com esta liberdade, mas ainda cultivam esta liberdade como purificação dos corações. Faziam prognósticos para o futuro e tiravam a sorte. Vejam bem, tirar a sorte ou ler as mãos. Coisas distintas na lei cigana. Cada missão vem registrada nas palmas das mãos.
Eu nunca interfiro no destino de alguém para tirar proveito de suas bondades. Cada pessoa segue o que jurou entre a vida e a morte. Teve uma vez que eu tive que interferir para evitar a morte, mas foi por uma boa causa. Hoje eu os vejo seguindo seus caminhos superando o desencarne fatal que estava para acontecer. Penso eu: será que interrompi algo que estava sacramentado para acontecer! Mas o que importa é que eles estão vivos e uma vida a Deus pertence.
Fiquei sozinho sentado nas escadarias observando a dança dos ciganos. O envolvimento das ciganas lendo as mãos, se envolvendo com aquele povo, rindo e dançando. Rodavam suas saias como que uma brisa soprasse seus desejos. Aquele povo era fechado e mal humorados não conseguiam sorrir. Estavam assustados com a presença deste povo de Katshimoshy. Nunca viram tanta liberdade.
Natacha me aconselhou e se integrou ao seu novo caminho. Sua voz ecoou pela minha cabeça me deixando um bem muito maior que minha preocupação com a terra. Quem for contra este sacerdócio vai prestar contas pelo seu juramento.
Eu sou um missionário deste amanhecer e jurei a este comando maior a minha missão. Ninguém poderá tomar as rédeas de minha vida e dos meus caminhos. Quem quiser meter a mão na minha cumbuca vai ter que levar o meu carma junto.
Vejam bem quando alguém fala em contrário das realizações do mestrado. Sempre vão surgir as dores para mostrar a verdade. Ainda sofrendo as reparações do físico continuam maltratando seus mentores com suas ignorâncias mediúnicas.
Sejam amor e não dor!
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An-Selmo Rá
29.05.2021