NAGÔS

NAGÔS
Um pretinho velho tão escuro que realçava a sua camisa branca. Sua calça também branca sentado num branquinho de tronco de árvore com seus pés descalço no chão de areia terra.
Aquele pátio era tão limpo que chegava a brilhar a noite de lua nova. Era pura energia de um chão de terra na pureza do infinito mundo de Deus.
Pai Zâmbu, nego velho, um espírito de luz e amor.
Ao chegar neste conga ele se levantou com um ramo verde e veio em minha direção. Benzimenro, fez sua magia original. Com sua não esquerda aberta atrás das costas com um rosário de contas decorando seu pescoço e a outra passava em minha aura.
Ele falava em sua linguagem nativa que eu não entendia mas sentia a energia se deslocar.
Eu olhava para ele que não era muito alto e por isso tive que me sentar para receber este passe.
Eu olhava para a lua enquanto ele bendizia seu louvor. De frente e de trás foi limpando minha cabeça e meu corpo. Passava o ramo e chacoalhava para trás dele.
Eu quase cheguei a incorporar nesta hora porque eu estava em dois planos simultaneamente. Aqui sentado e lá sendo atendido.
Que maravilha, que benção, que respeito pela nossa missão. Ao finalizar seu passe ele pegou uma cuia com água de cheiro que parecia com perfume madeira do Oriente. Agora com suas mãos derramava sobre minha cabeça. Ia como semeando água na raiz da planta. Eu era a planta que precisava desabrochar e ele era o pastor que veio de Deus abençoar.
Aquele conga estava muito iluminado mesmo com a lua nova se escondendo nas noites escuras.
Os nagôs são espíritos de grande hierarquia que descem de mundos paralelos para acalentar os filhos de Seta Branca. São como calmantes que apaziguam os soldados.
Este bálsamo é o que precisamos para resolver muitos problemas e pendengas do carma.
Após o passe o nego velho voltou a sentar no seu toquinho e eu fui transportado para minha mente trazendo esta visão de um mundo esclarecedor.
Assim na terra como no céu.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
14.03 2024

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!