CATALEPSIA

CATALEPSIA
A morte viva.
Ouvi um choro muito distante e fui ver do que se tratava. Cheguei. Era um velho cemitério mal conservado. Tive receios, mas o choro não saia de minha cabeça. Entrei e fui até uma cova no chão. O homem estava sentado em cima dela chorando sua morte.
_ o que o senhor tem?
Ele não conseguia falar. Parecia estar sufocado. A única coisa era chorar noite e dia.
Eu não consegui mudar sua tristeza e como ele não parava eu enfiei minha cabeça dentro do túmulo e dentro do caixão de madeira já podre. Seu corpo, esqueleto, estava remexido com marcas de unhas na madeira. Ele fora enterrado vivo. Ao descobrir a sua morte ele parou de se lamentar. Agora alguém sabia sobre o que lhe aconteceu.
Eu senti falta de ar neste buraco, acho que ele havia respirado tudo para se salvar.
Ao olhar em volta ele havia sumido dali. Saí de ré, sim, porque quando pensam que você está chegando você está é saindo.
Ao passar pelo portão de madeira havia uma inscrição em cima em latim que não sei traduzir. Tava corroída pelo tempo.
hic vita facit sensum ou vita desinit hic.
Eu parei para ler com dificuldade, mas acho que era este dizer.
Como o espírito sumiu e o choro desapareceu eu não tinha mais o que fazer ali.
Cheguei em casa sentindo o ardor do corpo no friozinho do espírito. Seria como se o corpo tivesse muito quente. Eu não entendi bem esta reação porque geralmente o plano etérico tudo é gelado. Condensação do espírito após sair do físico. Ali ele cria a sua imagem e semelhança. Seria como ter um corpo fluidico. Coisa que temos. Estou tentando mostrar o lado oculto.
Quando descobrimos o que aconteceu na vida de um espírito é como libertar a sua consciência. Assim no templo ao doutrinar com amor e respeito nós mudamos a direção dos acontecimentos.
Não é ter medo, mas respeitar para ser respeitado.
Todos sabem do destino que chegará mais cedo ou mais tarde. Não há escapatória. Que os vivos enterrem seus mortos ou que os mortos enterrem seus vivos. Eis o dilema.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
27.01.2024

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!