TRAMBIQUEIRO

TRAMBIQUEIRO
Um cigano velho em uma nova roupagem.
Eu fui acompanhar a vida de um espírito que na terra antiga era um cigano que vendia até cavalo sem dente. Ninguém saia de mãos abanando. Era negociador e só vivia dos trambiques.
Nesta vida ele continua negociando e leva proveito em tudo que faz. Nesta negociação eu vi ele perder uma negociata e mesmo assim sorria, porque já estava tudo armado para revender por um bom lucro. Como cacheiro viajante teve várias encarnações e uma que se destacou foi na Turquia. Muito ouro, tapetes, sedas, enfim, um comerciante ativo. Desde os primeiros passos nesta terra sempre negociou.
Neste alaba espiritual a sua presença trouxe uma linda e rica história. Querem mais riqueza que é desvendar os mistérios das vidas pelas vidas a se amar ou se odiar. Aqui mesmo neste amanhecer é um palco de acontecimentos além conhecimento que todos procuram para saciar a sede de um dia saber sua origem.
Há! Nossas origens! É tudo que precisamos para recompor os períodos dentro da nossa história. Feliz é o homem que já sabe o que quer, pois não fica divagando nos desejos de seus pensamentos.
Então o velho novo cigano tem a sua história.
Vou contar um exemplo de um tombo material que eu tive. Eu estava construindo para mim e apareceu um homem, pedreiro, evangélico, com sua bíblia no suvaco. Eu o contratei e ali começou o meu dilema. Um falso religioso que me levou todo o investimento além dos materiais comprados.
Fui falar com pai João de Enoque.
_ É, meu filho, você tirou dele um caminhão de cavalo!
Ali foi um balde de água tão fria que desceu sobre minha cabeça que eu perdi até o rumo. Em outra vida eu também fui cigano e o logrei tirando dele seus animais. Só, vejam bem. Quando um cigano é enrolado ele não reage desafiando. Ele engole seco aquela situação e vai esperar uma oportunidade de tirar de você o que tirou dele. Ele esperou certinho o dia de me reencontrar e levar o que eu tinha para construir em Curitiba.
Não adianta passar a perna em ninguém porque quem perde não vai descascar enquanto não lhe der o troco.
Aqui neste vale do amanhecer tem muitos ciganos endividados até com suas almas vendidas. Eu tenho visto cada negociada que me deixa apreensivo.
Eu aprendi mais uma lição que devemos lutar pelo que é nosso sem olhar por cima do muro.
Se quer alguma coisa vai e compre sem deixar teu vizinho ficar olhando o que seus esforços trouxeram para você, sua família e o seu lar.
Como eu disse deste velho cigano. Ele me reencontrou nesta viagem de negócios. Ainda não se desvendou este momento. Vou deixar para o momento certo este fato, porque estamos em uma vida cigana.
Ele não falou muito, mas eu observei sua reação. Velhos homens em novos corpos. Assim somos nós. Pedimos a Deus para voltar e reparar os erros cometidos e ao chegar fazemos as mesmas coisas. A bola do destino cresce a ponto de perder novamente a encarnação.
Estou aqui simplesmente observando as reações de um povo endividado como eu.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
22.10.2023

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!