ÁGUA PRA QUEM TEM SEDE

ÁGUA PRA QUEM TEM SEDE
Um planeta hostil cheio de incrédulos e sem um pingo de esforço para melhorar.
Ao chegar em meio aos trapos velhos com cheiro ruim eu precisava agir. Primeiro descobrir aonde tinha água e para isso a antiga magia de fazer a leitura do chão com uma forquilha de um galho.
Peguei a forquilha e fiz o cruzamento da leitura que indicou exatamente o local. Convidei os olheiros para cavar e com um diâmetro de 2 metros o poço começou a ser perfurado. A profundidade se tornava mais úmida ao passo de cada retirada de terra.
Deixei o povo fazendo este serviço e me voltei aos barracos construídos de madeira já velha. Entrei, já fui desmontando e logo apareceu um jovem que se dispôs a ajudar. Dei as instruções de como fazer e gritos saiam do buraco. Acharam água. Acharam a vida.
Este povo desta cidadezinha no canal vermelho precisava somente de um impulso, um empurrão para despertar a coragem de mudar. Eles estavam presos a este mundo por aceitarem as dificuldades sem lutar para mudar. Foi o que fiz, joguei lenha no fogo, usei dos meus bônus para realinhar a vida neste plano. Um mundo triste e sem esperança. Travado na ignorância espiritual.
Olhando do alto parecia algo impossível de fazer. Eram muitos barracos espalhados pelo lugar. Eu não sei como será o amanhã deles, mas eu plantei uma semente de esperança nos corações dos primeiros que se juntaram a mim. Começou um movimento de união, porque cada família ali queria melhorar sua situação. Os primeiros barracos vieram ao chão e com a terra do poço socada com água levantaram as primeiras paredes. Tudo foi alisado com as mãos dando um aspecto bonito, pois era uma obra de arte.
Logo um barulho de desabamento. Outro barraco veio ao chão, mais um e mais outro.
Começou a mudança naquele plano.
Eu vi que houve aqui na terra a transformação do jaguar quando Neiva derrubou as primeiras barreiras implantando a missão do amanhecer. Foi mais ou menos isso que ela fez, deu os primeiros passos para fecundar a curiosidade. A curiosidade dos encarnados formou uma nova cultura.
Eu ouvia muitos estrondos e gritaria. Parecia que eu movimentei uma engrenagem enferrujada dando condições de alterar o estado melancólico. Tinham tudo, mas não tinham coragem de começar. A onda começa com uma pedrinha e vai longe podendo se tornar um maremoto. Aqui começou com uma pequena pedrinha, mas está crescendo em proporções construtivas.
Voltei. Fiz o meu papel de missionário. Cumpri com minhas obrigações e dentro do possível orientei o recomeço da vida.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
14.08.2023

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!