MARCAS DO DESTINO

MARCAS DO DESTINO
O resgate das origens que marcaram o destino são caminhos tortuosos do espírito que carrega dentro de si.
Nesta viagem o frio era intenso. A neve cobria a planície e as tendas se perdiam na brancura do lençol. Eu voltei na triste jornada deste povo que com coragem enfrentavam as feras do eu interior. Para quem viveu esta época é muito difícil se alegrar com as danças da atualidade. São marcas profundas de uma eterna paixão. Ninguém conhece aquele tempo no hoje.
O povo estava sendo sacudido por uma tempestade. Estavam escondidos em suas tendas segurando com firmeza para não serem levadas.
Eu parei no meio da tempestade com muita dificuldade para ver. Aqui eu sentia o frio, o medo de lá. Os animais encolhidos cobertos de neve. Uivos distantes se aproximavam, eram lobos, os carniceiros do destino fatal. De repente um animal sumiu. Rastros se perdiam, tudo que não precisavam estava preso naquele mundo.
O sol mudou sua inclinação sobre o eixo da terra e o gelo deu passagem a primavera. As flores desabrocharam perfumando quem delas colhia. Um novo ciclo regenerador da felicidade. Aquele povo sobreviveu. Foram sacudidos e com coragem ergueram acampamento. A eterna procura pelas raízes não os deixam em paz. Aqui e onde estiverem serão sempre nomades em cantorias para alegrar suas vidas. A terra não tem limite para eles perseguirem o que tem no coração.
Eu entristeci. Era meu povo. Eram marcas do meu destino. Quando floriu o dia eu me alegrei com o sol da conquista. Tudo belo, todos saíram das tendas para rever o que sobrou.
Hora de ir, gritava o chefe do clã. Desarmaram tudo e em poucas horas afundavam seus pés na brancura restante do pequeno lençol que gotejava.
Estou indo buscar o que é meu, o meu destino, as minhas marcas. Cada jaguar pode formar seu caminho no angical e revelar suas intenções nesta vida. Eu já vou buscar na íntegra estas regressões do espírito.
A vida será sempre uma redescoberta. Essa cultura do sol com a lua favorece o espírito para não errar mais. Os acertos quase não são valorizados, agora os erros ninguém esquece.
Os encarnados vivem dos erros, tanto de si mesmos como dos outros. Valorizar a vida é ser simples como Deus é. Criou tudo e nada exige. Somente nos alegramos por estarmos vivos.
Assim este povo viveu e vive recolhido no destino de poucos. A tribo era pequena e muitos aderiram ao movimento. Agora viver o que viveram na Europa é pouco difundido. Querem a liberdade, mas quando tem se perdem nos prazeres das danças.
Voltei. Revi e resisti as intempéries dos nomades. Sem destino cruzaram a terra em busca do elo perdido, a terra prometida. Sempre olhando o sol que escondia no firmamento as respostas.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
23.07.2023

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