MEU REINO

MEU REINO
Como disse Jesus: meu reino não é deste mundo.
Hoje chegou aqui um povo diferente. Chegaram chegando, como posso explicar. Alguns já me conheciam de longas datas, mas os novatos tinham curiosidade de quem eu era realmente. O presidente deste povo era um jaguar punho de ferro, muito ativo em querer mostrar serviço. Cobrava muito dos jaguares. Neste episódio vou contar sobre a vida de outro presidente que também conviveu com tia Neiva. Ele era como um coronel e seu povo andava na linha estreita. Para trabalhar havia um livro ponto e quem não cumprisse as ordens estava fora da escala de trabalho. Eu o conheci, tivemos algumas conversas na casa de um trino. Ele era tão impulsivo que bateu de frente com a clarividente por motivos toscos.
Ao desencarnar teve que prestar contas dos seus atos por suprimir a liberdade missionária.
Voltando às visitas aqui, o jaguar veio esnobar da minha missão. Só um porém, eu não o retruquei porque quem vai pagar é ele mesmo.
Ele já veio de uma rama, rama ajanã, e por isso tenta impor uma falsa modéstia.
Sentados ali, todos em volta, eu e minha ninfa olhávamos para aqueles espíritos curiosos e o presidente vibrando. Ele queria ser mais que todos, mas esta missão é conhecida e reconhecida pela santíssima trindade: amor, tolerância e humildade.
Como é fácil destruir a vida do próximo. Como é fácil plantar discórdia na pequena caixa de manjares. É como jogar no lixo todos os esforços de uma vida missionária.
Tem gente, sim, gente que se descobriu como jaguar, mas pensa diferente de ser jaguar. Humilham, escravizam e subestimam a evolução.
Este povo que veio foi trazido para satisfazer a curiosidade sobre a minha missão. Desprezo que se tornou em uma aula. Sim, mesmo eles estando aqui seus espíritos não viam o etérico plano. Cegos, surdos e mudos. A conjunção dos planos acontece na triangulação divina onde poucos olhos enxergam a verdade. Se seu espírito é bloqueado nada verá a não ser onde teu mentor te levar. Como aqui, neste desdobramento, no círculo vital onde as amarras foram quebradas para acontecer este fenômeno no círculo esotérico.
O presidente ainda bem cético comigo. Eu acho que deve ter se arrependido de ter vindo desafiar e confrontar esta linha missionária. Até parecia inimigo do amanhecer. Eu tenho assim, se um presidente fala mal de outro é porque não faz parte da contagem. Está ali por algum motivo e a vida é um caminho de desencontros.
Ele não falou nada, ficou somente me cuidando. Parecia uma sentinela que se eu falasse um ai de sua missão poderia entrar em vias de fato.
Eu não sou difamador, não fico cuidando da vida de ninguém. A minha já é tão complicada, cheia de motivos para não ter tempo perdido em caçar agulha em palheiro.
Aquele povo estava interessado porque ouviram falar muito de mim, uns bem, outros mal. Por questão de princípios eu falei somente o necessário respondendo as perguntas.
Eu conheci tia Neiva em vida. Eu acompanhei como presidente seus passos. Tive muitas aulas no campo espiritual com ela e muitas entidades. Eu não falo isso para me vangloriar, eu falo como resposta ao coronelismo que se cria no coração.
Estávamos conversando e a clarividente abriu seu véu e apareceu entre todos. Este véu é que separa os planos. Ao chegar com sua túnica preta da alta magia ela veio com sua imagem tradicional de tia Neiva. Apesar de estar com outra feição, mais jovem, ela não seria reconhecida. A Materialização dos espíritos evoluídos é algo impressionante. Não se tem comparação da preciosidade que é chegar num estágio superior levando sua humildade.
Vejam, vou entrar num processo de translação espiritual, mas sem o tempo terráqueo, onde não se contam os dias do ano. A eternidade não tem data, nem hora e nem limites. São registros históricos que marcam uma existência.
Tia Neiva deixou seu registro na história da humanidade como muitos espíritos fizeram e até hoje são lembrados. O espírito que tem sua lembrança marcada tem maior facilidade de ser reconhecido. As roupagens marcam os ciclos que vivemos e no angical se revela um pouco deste processo involutivo.
Eu falava com descrição do momento, porque eu estava sendo vigiado. A pior coisa é não poder se defender diante de uma acusação. Entenderam!
Falar da vida dos outros sem conhecer a verdade é como se autocondenar. Muitas vezes a inverdade destrói uma vida.
Este povo veio atrás da verdade. Viram que eu sou simples, um irmão, um antigo jaguar que Seta Branca e Neiva confiaram uma missão diferente. Eu não sei se agradeço a ela por ter tirado o cisco, tampão, dos meus olhos ou por ter acreditado na transparência do espírito. É muita provação. Eu sei o quanto ela sofreu por ser clarividente.
Eu, só eu e minha ninfa sabemos o que é este mundo de arrogância intelectual. Tia não tinha nem o primário e fez esta obra admirada pelos grandes cientistas.
Os espectadores da derrota, sim, são como corvos a voltear a carniça. Estão de prontidão esperando sua vítima dar o último suspiro. Tia descreveu na história do doutrinador sobre as duas aves que em espirais imensas voavam em sintonia. Estas aves se transformaram em corvos após sua partida deste plano. Sem sintonia aguardam a derrota dos filhos de Seta Branca. Será que seremos conhecidos como as aves ou reconhecidos como corvos.
Assim foi este encontro, mas o presidente não abriu seu coração. Eu não desferi a seta para atingi-lo na sua individualidade. Que cada um tenha consciência de sua missão.
Todos voltaram para seus mundos. A terra cobra centil por centil de diversas formas. Uns pagam um preço maior, outros menor. Tudo ligado ao interoceptivel.
Não paguem por algo que desconhecem. Boca fechada não entra mosquito. Ditado.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
20.07.2023

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!