VOLTEI, DESFIZ

VOLTEI, DESFIZ
Eu voltei, eu fui buscá-la.
Seu espírito estava preso em um quartinho aqui pertinho com muita sujeira. Era uma malha negativa e um giral colocado num canto. Havia animais soltos rondando este lugar onde só tinha uma pequena luz para espanta-los. Eu consegui encontrá-la olhando pela mata, desci correndo, não me importei com quem ou o que vigiava. Entrei, lá no fundo enrolada nuns panos velhos ela estava deitada.
_ Venha minha filha! Venha! Vamos embora! Aqui não é teu lugar!
Apanhei em meus braços e fomos saindo daquele mundo que parecia distante, mas era muito perto.
Eu chorava de alegria, era minha filha que estava sofrendo uma dor, uma desilusão emocional. Seu espírito foi submetido a um vazio na sua alma.
Eu não o encontrava, o físico estava em terra, mas o espírito não.
Foi preso pela descompensação espiritual. Uma abertura no processo coronário do eu.
A energia vingativa conseguiu furar o bloqueio da sua guarda. Estacionou sobre a cabeça e estava minando a proteção para arrastar para o fundo do poço a felicidade da vida.
Demorou cinco dias para eu descobrir onde estava amarrado a causa. Eu fui aos poucos como se não tivesse interesse e assim ninguém me viu chegando. Peguei todos desprevenidos. Aqueles animais eram os espíritos semi-humanos. Foram colocados para inibir dela sair ou alguém entrar. O círculo estava fechado. Eu consegui romper. Peguei-a em meu colo, está tudo bem, estamos em casa.
Deixei-a protegida dentro da minha magia. Voltei, sim, voltei para desmanchar este enredo e colocar em ordem quem praticou este mal. Logo vai aparecer em terra os efeitos deste feitiço que desmanchei. Não tem como não retornar, pois a lei não impede do autor ser responsabilizado pelas suas atitudes. Razão e contra razão.
Desfiz. Aqueles animais sumiram. Eles estavam colocando medo para ela não ter coragem de sair sozinha.
Deixei-a em sua casa e voltei para o meu destino. Hoje, quarta-feira, dia de magia, dia de pedir graças ao sol e a lua. Triangulação divina da terra material com a terra espiritual. Eu, um pequeno mestre druida que jurou o seu caminho dentro desta magia Branca de Nosso Senhor Jesus Cristo. A magia negra foi relegada para que o amor e o respeito crescessem, desabrochassem sem medo. A verdade demora, mas ela sempre aparece.
Retirei os grilhões dos tornozelos e punhos. Está livre.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
31.05.2023

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!