SABATINA

SABATINA
As coisas não são como pensam. O mundo espiritual é algo complexo de se conhecer e muito simples de entender.
Eu estava em uma missão onde tinha que libertar muitas crianças que morreram em uma guerra. A violência dos homens sem fé e sem amor ceifou estas vidas. Não eram poucas, mas aos poucos e com determinação os mentores foram agindo. Para que os mentores possam libertar eles necessitam do nosso ectoplasma. Sem isso não se tem condições de manipular. Seria até mais fácil eles libertarem sem nossa participação, mas não conseguem fazer sem a nossa energia pesada. A energia deles é fluidica e a nossa concentrada.
Ao chegar neste plano elas estavam como se fosse uma clareira. Assustadas, pois já haviam sido perseguidas por falanges de caçadores, quando me viram se esconderam. Aos poucos fui conquistando seus corações. E assim o trabalho foi sendo organizado.
Ao voltar um homem espiritual estava me esperando aqui nesta cidade. Ele era como um patriarca e todos o respeitavam como senhor. Ao ele vir ao meu encontro, até então eu não o conhecia, foi logo elogiando a minha atuação dentro deste amanhecer. Era um homem culto, forte e falava com elegância. Uma cultura de dar inveja, no bom sentido.
Falamos muito e muito ele reconsiderou, porque até então nós éramos tratados como inimigos. A nossa luta aqui neste vale é algo que vai ficar gravado nos anais da espiritualidade.
Ele demonstrou muita admiração pela nossa missão e por não abandonar o caminho escolhido. Muitos dos jaguares que começaram neste templo as suas caminhadas não aguentaram a pressão espiritual e partiram. Quantas vezes somente eu e minha ninfa trabalhamos sozinhos para atender ao chamado de Seta Branca. Não largamos o cajado e sempre apoiados pelos mentores seguramos esta responsabilidade.
Vocês não sabem nada a respeito do compromisso da terra com o céu ou deste céu espiritual com a terra. Se soubessem teriam outro comportamento.
Trocamos muitas informações dentro da cultura iniciática. Foi até mencionado nomes de cidadãos que vivem aqui que eu conheci também. Bechara é um grande respeitador desta casa do amanhecer. Como outros que foram sendo ornamentados.
Eu consegui entrar neste rol espiritual. Como foi difícil, trinta anos de uma luta sem esperar respostas. Eu diria que se fosse outro jaguar já teria fechado esta casa e ido embora. Seta Branca foi o suporte para nossa permanência nesta luta contra os vales negros da incompreensão. Quando já estávamos quase caídos ao chão ele vinha e nos levantava. Pai é pai.
Eu recebi uma convocação para hoje nesta casa. Algo nos espera aqui na terra e no céu.
Passe livre. Meu passe sempre foi livre espiritualmente. Eu trabalho mais espiritual que material. Eu acredito no que o céu fala e não julgo a terra pelos seus atos. Cada ser encarnado se materializou em sua couraça. Vivem o que seus olhos conseguem enxergar, nada além.
Quando eu vou em uma missão eu sei do que se trata, não vou sozinho, uma legião vai comigo para resolver a questão. A terra só sabe criticar e julgar, mas o bom samaritano ergue sua cabeça e sem medo segue o destino. Muitos jaguares que me criticavam sem entender a minha missão voltaram após o desencarne para pedir perdão. A única que compreendeu e deu força para continuar foi Tia Neiva. De 1980 a 1984 o curso de quatro anos marcou a simplicidade do espírito. Todas as quintas-feiras nos reuniamos com ela dentro da cabala e a magia era livre. Os contatos entre o céu e a terra eram abertos e ali ela abriu nossa mediunidade. Ficamos como baliza espiritual em um campo magnético. Se eu contasse tudo que passou nestes quatro anos daria um livro com mais de mil páginas. Ao nos reencontrar com Neiva na casa grande íamos agradecer pela consideração de nos ensinar sobre a mediunidade. Ela dizia: faça sempre como lhe ensinei.
Mas, então, o patriarca reconheceu esta missão. Após estes anos de muito desafio não entregamos aquilo que conquistamos. Eu estou aqui ainda preparando estes filhos de Seta Branca para a verdade missionária. O mais difícil é agradar a todos.
Aos poucos vamos desencoraçando os espíritos presos pelas chagas da eucaristia. Viver por viver todos vivem, mas o viver sabendo o porque é que muda a consciência.
Eu vejo a mistura de comportamentos que as religiões detêm. Cada qual puxa a farinha pro seu saco. É uma disputa obter seguidores e temos que ficar ao longe para não sofremos a contaminação.
O homem falou e ouviu. Muitas vezes ele queria conhecer os segredos do amanhecer, mas eu não abria os segredos. Eu só dizia: é Jesus meu irmão, este é o nosso segredo.
Admirado com minhas respostas eu lembrava das palavras de Seta Branca: na hora certa as respostas chegam a quem tem sede e fome de justiça.
Este homem teve um cargo importante nesta terra, foi um desembargador. Conhecedor das leis e da sua autoridade.
Eu comecei a ler seu coração e isso o foi preocupando. Tão logo nossa reunião se encerrou e eu cheguei em casa.
Esta visita está marcada nos preâmbulos da espiritualidade. Nossa missão é o nosso sacerdócio.
Jaguares. Entendam o motivo que nos trouxe para este amanhecer. Foram escolhidos a dedo pelos seus compromissos reencarnatórios. Cada qual viveu um ciclo que a cada 80 ou 90 dias altera o estado emocional e derrama sobre vossas cabeças as suas juras e as heranças transcendentais.
Veja como é a um encarnado ter que pedir perdão e voltar no passado para acertar seus erros. Não faça nada que te faça sofrer.
Viva sem julgar e sem ofender. Tia era considerada uma louquinha nesta sociedade pelo que ela estava implantando. Ninguém da terra a levava a sério. Os mesmos que a criticavam vinham depois pedir a sua ajuda.
Assim é aqui. Muitos criticam o que não conhecem, mas a porteira está semi-aberta.
Vamos ver o que nos aguarda neste dia de hoje.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
05.03.2022

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!