ANDARILHO


Ele chegou carregando uma enorme tábua enrolada com uma corrente presa ao seu corpo.
A vida é uma longa experiência que vamos escrevendo aos poucos no eterno caderno do destino. Este homem por muito tempo estava prisioneiro neste mundo e ninguém conseguia liberta-lo. Foi muito triste ver este quadro, pois ele se tornou andarilho deste mundo espiritual. Misturou tudo, seu carma com outros carmas. Ao ele chegar, não aqui no templo, mas no antigo endereço de Curitiba, onde tudo começou ele não passou do portão. Foi ali que ele estava travado e amarrando tudo.
Eu via o sofrimento deste pobre homem. Aquela madeira presa ao seu peito. Procurei ferramentas para cortar a grossa corrente enferrujada e não achava nada. Até que consegui cortar e o libertei deste sofrimento.
_ Como você está?
_ bem!
Salve Deus! Ele estava tão feliz e leve que não conseguia resumir esta caridade. Me amarraram nesta madeira por eu ter sido um escravo! Eu tinha minha esposa, meus filhos, eu os amava! O velho coronel tinha inveja da nossa felicidade e das festas na senzala! Para acabar ele mandou me prender assim até que meu suspiro fosse o último exemplo aos demais!
_ Meu Deus!
Ele mudou sua feição. Agora a felicidade voltou em seu coração.
_ onde estão meus amores! Minha família!
_ ainda não sei, mas em breve vocês estarão juntos! Vou pedir ao nosso pai Seta Branca que os reúna para voltar a reinar o amor e o perdão!
Sabe, ele estava tão amarrado que se esqueceu do seu algoz. Ele queria somente ser livre. Voltar a ser feliz como eram naquela fazenda.
Aliviado do peso ele sorria, não queria ir embora, pensava ter dívidas comigo que o libertei. Viemos de Curitiba pra Campo Largo e ele veio junto, ele está aqui no solo sagrado a espera dos seus amores. Pai Seta Branca vai reunir todos deste destino.
Eu fiquei feliz, foi uma libertação espiritual. Isso comprova o que somos neste amanhecer, libertadores e não cobradores. Viemos para quebrar uma tradição, para colocar amor nas espadas, para agradecer aos céus a nossa liberdade espiritual.
Muitos que eu vejo neste amanhecer estão escravizando seus povos. Estão se tornando coronel das antigas.
Neste interim surgiu aqui um espírito que ainda está encarnado. É um ajanã filho de Olorum (PM). De branco e calça preta veio ajudar neste enredo. Com muito carinho se prontificou a caminhar comigo nesta jornada.
Jaguares, o céu é o nosso limite. Aqui na terra as dívidas são contraídas e vão se estendendo até os planos de nossa conquista.
Não se tornem carrascos deste amanhecer. Por muito pouco vocês podem se tornarem escravos milenares. Vão sentir os efeitos de suas decisões. Seria muito melhor largar tudo isso e ser feliz na sua individualidade a que pagar eternamente um mal evitável. Muitos não largam porque gostam de ser vitrine.
Se vocês pudessem recordar de vocês em outros planos as suas mentes estariam preparadas para a verdade. Somente Deus pode mudar o que ele mesmo criou.
Deem um passo atrás e escolham uma nova estrada.
O andarilho está aqui esperando a reunificação dos laços perdidos nos temporais que ele não criou, mas que foi obrigado a andar.
Revejam seus conceitos antes que seja tarde demais.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
25.11.2021

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!