DESPEDIDA

O último suspiro em lágrimas.

Fui visitar uma mulher internada em uma UTI dentro de um hospital. Chegando lá entre as aparelhagens seu espirito não estava fixado no corpo, ele estava perambulando nos corredores daquele enorme complexo. Era aqui na terra mesmo, um lugar de muitos frequentadores que vão à busca de cura.

Ao chegar aos pés da cama ela estava desfalecida mesmo, mas uma lágrima furtiva desceu pelo canto dos olhos. Não havia vida ali, eram as máquinas fazendo seu papel de manter ela encarnada. Seu espirito quando sentiu minha presença veio correndo e eu o vi se deitar sobre o corpo. Foi medo, não sei, mas ali eu vi a sua passagem em um longo suspiro.

O espirito foi irradiado pela luz cristica e foi magnetizado pelos raios de uma luz transparente. Ela não pode falar nada na sua passagem pelo seu calvário. O pior calvário de um encarnado é a sua incompreensão. É quando ele perde a sua fé em seu Criador. Não existe morte sem vida e nem vida sem morte.

Os aparelhos começaram a apitar e logo os plantonistas entraram para aferir os instrumentos. Eu fiquei no canto perto da porta e aquela cena foi se dimensionando tanto que o quarto todo se iluminou. Os médicos não viam, mas logo os aparelhos de ressuscitação foram ligados ao corpo e os choques facilitaram o desencarne inconsciente.

Não houve tempo para o último adeus, nem para ela e nem para seus familiares que não puderam entrar nesta UTI. O momento foi de libertação e não de escravidão. Sim, ainda somos escravos de nós mesmos nesta roupagem de experiências alucinantes de um porto a outro para desvendar nossos enigmas.

Esta experiência foi mãe Yara me levou para assistir. Ela veio ontem quando eu estava me preparando para deitar. Acho que era meia noite ou menos um pouco. Não sei dizer, eu não vi o horário. Mas foi algo que mostrou o quando somos frágeis em nossas vidas. Basta entrar pelo caminho errado que logo somos chamados à razão.

A nossa missão é motivada pela vibração do segredo. Não sei se vão entender isso, mas é o que nos move em direção da evolução. É o mundo desconhecido, das portas fechadas, dos segredos da esfinge. Algo que nos atrai tanto que ficamos às vezes cegos pela luz do descobrimento. Seria como Cabral quando descobriu o novo continente.

Assim são os nossos ais e as nossas preces. É tudo igual, só muda a conotação das palavras. Luz da vida ou da morte, como diz no canto de Koatay 108, pedindo pelas mais puras energias da realização daquela contagem. Quando em vida ela me ofertou seu canto para ser meu canto especial. Uma espécie de retribuição pela longa jornada assumida na abertura do portal dimensional do sul.

Uma pena que poucos conhecem esta história. Ela é cheia de encantos onde somos diferenciados pelo conhecimento. O conhecer transfere sinais como destes aparelhos que seguram a vida na terra. É isso que nos segura aqui neste amanhecer, é o sinal da nova era. Como me disse Seta Branca nosso Pai, neste ultimo atendimento, aqui está o Oráculo emitindo para o universo. O Grande Oráculo migrou para o sul. Ele veio trazer os esclarecimentos do terceiro milênio e preparar os novos caminhos.

Nós vivemos muitos anos nos preparando e preparando o terreno espiritual para sua chegada. Sofremos muita pressão e passamos pelas maiores provações. Mas somente o Grande Deus pode nos julgar pela abertura deste portal. Aqui se conhece com responsabilidade. Mas não é somente sentar, falar ou ouvir. Tem que participar, como nós que durante mais de 45 anos fomos assimilando as mensagens e trabalhos dentro desta magia renovadora do amor. Tudo se faz por amor e não por interesses.

Muitos momentos chegaram de tristeza em querer largar tudo e ir embora, mas lá vinha o cacique com sua corte e realizavam os reencontros. Eu chorava espiritualmente. Chorava porque as cobranças eram pesadas demais para mim e minha família. Eu lutei junto com minha ninfa no céu e na terra para dar aos meus um caminho melhor. Como digo, fui crucificado por amar demais e por ser diferente.

Hoje eu vejo estas diferenças como indiferenças carmicas. Todos querem estar no alto do pedestal e sem ter terra firme tudo vai afundando. O jogo das ilusões dos momentos de fraqueza.

A vida é uma ferramenta de prosperidade e altivez. Só cai aquele que não está seguro de si mesmo, disse a clarividente. Mas esta segurança é atacada pelos lobos famintos de sangue e dor. Nós nos tornamos muitas vezes cobaias e outras vezes prudentes, tudo reage às vibrações de sua roupagem.

Voltei deste hospital e a vida seguiu seu percurso. Nós estamos seguindo esta caminhada especial, sim, porque lá os espíritos que não tem conhecimento andam a pé, outros não.

Salve Deus!

Adjunto Apurê

An/Un

27.05.2022

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!