TRAPACEIRO
Depois de 40 anos o trapaceiro volta a me procurar.
Era uma vez um doutor diplomado em trapacear, fazer rolo, tirar dos inocentes aquilo que eles tinham de bom. Eu fui uma vítima deste mal caráter que passou a perna em uma compra de um terreno para o templo. Ele ficou marcado espiritualmente e vive escondido em uma caverninha. Ao desencarnar ele tinha tantas dívidas para pagar que seu espírito desceu para Anodai. Lá, não sei como conseguiu chegar aqui no vale, porque quem cai neste mundo subterrâneo não consegue sair ou se levantar. Um espírito marcado não consegue esconder seus caminhos maléficos.
Ele desencarnou quando eu tinha vinte e poucos anos. Hoje com mais de sessenta ele retornou para fazer outra trapaça, ou rolo, enrolar suas vítimas. No mundo que vivemos a luz do dia os trapaceiros ainda estão soltos. Eles induzem as pessoas a caminhar por uma terra sem lei, sem autoridade ou dono. Vão se apossando como lhes pertencesse aquele domínio.
Ao ser marcado ele não tem paz. Esta marca só apaga quando houver perdão do lado prejudicado. Não só eu, mas centenas de outros cidadãos foram golpeados na esperança de adquirir um bem.
O meu foi mais grave, porque era algo que se ligava ao plano superior. Talvez foi por isso que ele veio me procurar. Não sei qual alternativa tomar nesta hora.
O que vocês me dizem!
O que devo fazer com este espírito?
Vejam como é um caminho triste enganar o próximo. Tirar dele o sonho e matar sua esperança. Algo não vai ficar bom.
Se vocês querem ter seus sonhos realizados lutem com garra e confiança, mas nunca acreditem em promessas dos falsos profetas. Eles não tem amor nem perdão. Depois que conseguem tirar seu pão somem deixando a angústia ser o carrasco da consciência.
Eu fechei minhas portas. Eu não tirei nada do que me pertencia. Existem acordos espirituais que devem ser cumpridos na terra. Estes acordos são feitos, selados e sacramentados. Quem desobedecer o que assinou diante das testemunhas será cobrado eternamente.
Aqui não! O doutor tem muito a acertar, desfazer os rolos que deixou na terra. Teu espírito só descansará quando o último passar pela redenção. Existe muita dor e mágoas pairando sobre teu espírito. Elas não se apagam e somente reparando o desatino teu destino poderá mudar. Quem comete um crime assim pagará centil por centil e o doutor quis assim.
Tua família que mora em Curitiba também está pagando pelas suas dívidas. Você achou que eles não iriam pagar somente porque você desencarnou! Eles são as suas ramas. Até a justiça da terra cobra dos herdeiros o mal feito. Agora neste mundo não tem como passar a perna, trapacear com o julgo.
Foste julgado e sentenciado a viver aqui o resto de sua existência. Só Deus para ter compaixão. Nem teus tutores se lançam neste lamaçal para lhe ajudar. Eles sabem o quanto prejudicou seu próximo. Esta é a tua sentença.
Naquele momento ele foi recapturado pelos centuriãos que cuidam das portais. Não sei como ele fugiu de lá. Este mundo é tão pesado que os espíritos sofredores não andam em pé, se arrastam. Vivem numa eterna tempestade e convivem com suas dores.
Eu desejo a todos os meus irmãos que vivam dentro de suas consciências sem oferecer uma mão para que a outra não veja.
Quando eu falei em criogenia é porque em Anodai é um frio terrível. Não tem a luz solar para esquentar e de vez em quando a luz fria da lua se faz presente.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
03.04.2022
