ESPÍRITOS ANDARILHOS

Voltando as nossas viagens vamos descrevendo os fatos vivenciados nesta grande jornada do jaguar em suas conquistas. Porém, fatos relevantes e irrelevantes estão na mesma sintonia ou balança de comportamentos.

Fui conhecer um caminho onde um pequeno templo, casa de Seta Branca, bem simples estava com problemas espirituais. Não havia movimentação de pacientes e de entidades. Ele ficava nas imediações de uma ferrovia que se liga entre os trilhos formando caminhos abstratos. Fui primeiro nesta ferrovia. Chegando lá eu olhava de um lado para outro e via o finito se comunicando através da energia impregnada. Não demorou muito para as imagens começarem a se formar. São espíritos que ainda estão ligados como andarilho de um caminho sem poderem sair.

Formei meu canto ali na estação que seria uma parada necessária para desembarque e embarque. Tempos gloriosos, tempos de realizações, onde a maria fumaça era show entre os viajantes. Neste caminho existe uma explanação espiritual que nos convém olhar como mais amor pelos que se foram, mas ainda presos aos trilhos não conseguem desfazer suas malas.

Quando formei esta comunicação eu tão logo me dirigi ao templo que estava mais perto. Chegando ao templo, de uniforme branco, pedi permissão aos divinos senhores para entrar. Toda casa tem seu dono, seja ele físico ou espiritual, por isso a necessidade de se apresentar.

O templo era bem humilde e estava difícil manipular. O responsável estava perdendo as esperanças de ser um pronto socorro espiritual. Na frente havia muitos entulhos ensacados que estavam impedindo de ser reconhecido. Eu entrei e vi que até a porta dos missionários estava entre aberta. Comecei a limpar as energias, porque estava trazendo um povo para aquele templo. Aquele povo preso nos trilhos do trem.

O espirito que estava ali cuidando daquela casa ficou sem saber o que dizer e como agir, foi pego de surpresa. Eu, porém, respeitei a sua responsabilidade desatando os nós daqueles enormes sacos que foram jogados espiritualmente para não haver interesse em receber a evolução.

Seriam como lixo espiritual que servia somente para impedir o bom andamento das realizações. Eram muitos. Eu pensei, será que vai dar tempo de limpar tudo antes que eu seja chamado de volta. O homem não se mexeu para nada, não teve reação e não se interessou.

Eu vi que a metade eu consegui desempilhar e retirar para fora da casa. O resto seria por conta dele que deveria ter interesse, porque quando se assume uma responsabilidade não se pode jogar com o destino. É muito fácil abrir um templo do amanhecer, mas como é difícil manter ele aberto. As consequências e as dores vão ser como baliza dos procedimentos a serem adotados. Hierarquicamente é um compromisso decrescente.

A luz já começava a iluminar a frente desta casa. O pouco que fiz e o tanto que deve ser feito para limpar as energias que se formaram pela vibração negativa.

Ao vir embora passei nos trilhos para direcionar o caminho para aquele templo. Formei um duto de energia, seria como uma esquina temporal, onde um nó seria colocado bem naquele local para redirecionar aqueles espíritos andarilhos. Eles não estariam mais vagando sem destino, pois havia uma barreira que os impediria de seguir. A luz do templo parecia uma lamparina acesa na escuridão da noite. Quanto mais eles manipularem, mais ela vai brilhar.

Os jaguares devem aprender que ser missionário é ter consciência de suas vidas nesta terra e no céu. Devem ter muito amor e respeito, porque não estão mais sozinhos a navegar pelos mares bravios das reencarnações. A verdade sempre sobrepõe às inverdades. Muitas vezes os mentores omitem certas revelações para não constranger o seu tutelado. Eles não mentem, eles somente omitem. Como disse Humahã para a clarividente: “veja o que vale a pena ser dito ou revelado”.

A questão jaguares é que queremos tudo para nós e não sabemos dividir o pão e nem o peixe. Eu percebo aqui que existe um confronto de ideologia sacerdotal em que um toma do outro o que não lhe pertence. Não se pode tomar de um Ministro de Deus o que lhe foi entregue. Um templo representa um continente e somente ele pode responder pelos caminhos de um povo.

Bem aventurados os que têm sede e fome de justiça, pois eles serão saciados.

Nesta ocasião vemos a missão de cada jaguar chegando aos limites das contradições espirituais. Um povo só se reúne pela afinidade e não pela necessidade. Quando termina uma cobrança não há mais motivos de estar ali, pois há muitas outras a serem reparadas. A terra é um caminho de reencontros dos velhos contemporâneos e só ficam realmente quem tem amor pela missão. Então partem os que ficaram sem suas jornadas e vão procurar outras dividas a serem reparadas. Isso não é consciência altiva e sim reacionária. No templo todos podem buscar suas origens sem perder o fio da meada, mas quando a cobrança é mais forte que a emoção, aí só se pode acalmar estando frente a frente com suas vitimas ou algozes do passado e ou do futuro.

Voltei. Estou aqui com meus compromissos dentro desta nova organização espiritual. Seta Branca voltou a nos trazer seus ensinamentos e com muita simplicidade ele está transformando nosso eu interior nesta escola universal. Compreendamos que somos meros expectadores da magia, nós somente abrirmos as portas para que ela seja manipulada pelas entidades. Toda magia origina do espiritual para a terra.

Deixo aqui minhas congratulações aos mestres que se servem do sal e do perfume, juram no cálice as suas confirmações de jaguar e vão buscar os menos incompreendidos onde quer que estejam.

Salve Deus!

Adjunto Apurê

An-Selmo Rá

10.06.2021

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!