LIBERTAÇÃO DE UM POVO

Eram cinco horas da madrugada quando consegui libertar um povo espiritual que fazia tempo que oravam contra nós.

Vejam, este fato aconteceu no mundo dos espíritos e por isso temos que ter cautela no direcionamento das nossas missões. Este povo veio com suas bíblias pedindo para ler passagens que eram as palavras de Deus. Tinha um homem alto, moreno claro, que estava coordenado todos. Ele estava em companhia de uma mulher que era sua afinidade. Esta mulher era mais baixa, magra também, cabelos claros e teve a sua rica oportunidade de falar.

Aquela multidão de pessoas viera com este objetivo, falar o que estava escrito na bíblia e em seus corações. Eu abri, com recomendação espiritual, as portas para que eles conhecessem quem eu era e a minha missão. Eu fiquei de honra e guarda, não havia mais nenhum médium, além de minha ninfa esposa que ficou ao meu lado esquerdo.

Todo aquele povo estava preso em nossa sintonia. Estavam nos amarrando espiritualmente. Ao eles chegarem aqui no templo espiritual todos foram bem recebidos. Abri as portas para que eles se curvassem a Deus e recebessem as bençãos dos mentores.

Eu nunca vi um povo tão feliz. Parece que era somente aquilo que eles precisavam para se tornarem amigos. Cada qual fez sua pregação e aos poucos foram saindo pela mesma porta que entraram. O homem que trouxe todos, o moreno claro, ele veio falar comigo no final. Ele disse que estava muito feliz, que Tia Neiva deveria estar muito orgulhosa deste ato.

Ele falava de Tia Neiva como se a conhecesse a muitos anos. Eu me admirei, fiquei na minha escutando-o falar. Ele parecia mesmo conhecer a nossa Mãe Clarividente, porque dava detalhes sobre a história dela. Não me atrevi a quebrar a homogenia desta missão para não despertar o outro lado obscuro.

Ficamos eu e minha ninfa ouvindo. Até parecia ser um doutrinador falando sobre as coisas do amanhecer. Ele não abriu muito seu coração, talvez para não contrariar sua companheira, mas que ele tinha conhecimento, isso tinha. Ninguém fala de uma pessoa com tanta clareza sem ter conhecido ela em vida.

Aquela multidão saiu daqui com um longo sorriso em seus rostos. Todos de preto, todos alimentaram seus olhares com a nossa simplicidade. Eu não quebrei a nossa sintonia, eu somente dei a oportunidade de um povo ser esclarecido dentro de suas próprias prerrogativas. Este templo é o nosso templo espiritual. Como disse Jesus: Assim na terra como no céu.

Eu não aconselho outros jaguares a fazer o que eu faço, porque são resultados da compreensão do sacerdócio e não da vida particular.

Ontem no angical especial um espirito estava no templo. Ele não teve a oportunidade de passar, não era a sua hora ainda. Era um velho escravo que tinha em sua perna esquerda uma corrente presa ao tornozelo. Ele andava pela via sagrada, ia até o pai e voltava para a porta de entrada. Ficou ali andando devagar, observando, mas não incorporou.

Eu fiquei observando e respeitando sua presença. Nós temos que respeitar as leis que Seta Branca nos conduziu e ser mais amor e não tão rebeldes. Quando nós nos dispusemos a andar pela casa de Seta Branca ele confiou em nós esta verdade. Não podemos fechar as nossas portas para nossos irmãos que de longe chegam para receber no cálice da vida eterna o conhecimento. Se nós não conseguirmos nos moldar diante da evolução o que estamos fazendo aqui nesta missão de Jesus. Jesus perdoou todos que o julgaram, que o sentenciaram a morte esperando ser o exemplo para esta humanidade.

Não fechem as portas para suas heranças transcendentais. Não fechem as portas para receberem seus irmãos conterrâneos que ficaram presos as juras de suas vítimas. Se não perdoarem agora não terão mais outra rica oportunidade de refazer seu caminho.

Eu não posso ter exclusividade mediúnica. Se Deus me deu esta condição eu tenho que fazer tudo possível para embelezar este sacerdócio com o conhecimento de tudo que é bom vai nos libertar do mal. Eu sou um missionário e não um boneco do joguete das ilusões materiais.

Como é difícil as pessoas aceitarem a divisão do pão. Todos só querem para si a bondade divina. Muitas vezes uma palavra de esperança salva uma vida em desespero. Não olhem para seu irmão como inimigo, mas mudem seus pensamentos sobre ele. Amar e perdoar, não é assim que todos falam.

Quando o homem terminou de falar sobre Tia Neiva só estavam nós três conversando. Aliás, nós ouvíamos mais que falávamos, pois era um dia especial. Pai Seta Branca ao longe nos olhava com muito respeito e com leve sorriso estava feliz, pois era seu filho, um doutrinador.

Vejam, meus irmãos, somos todos irmãos e não podemos sair atirando a primeira pedra sem ouvir as declarações. Muitas vezes aquele espirito é parte de nós, de nossa origem, de nossa família. Por muitos anos viveram no desentendimento alimentando o ódio. São conflitos que prenderam os espíritos nesta condição de sofrimento. Sem amor e sem dó. Só vão aceitar quando o calo apertar. As dores são para todos como um amargo remédio de conciliação.

Eu não consigo olhar sem ajudar. Mesmo estando sob a égide do punhal eu sou um missionário e não um boneco que é manipulado pelo destino. Ser missionário é diferente, é cumprir o que jurou na sua jornada espiritual e material. Eu jurei o meu sacerdócio e vou viver com ele até o fim dos meus dias.

Quem sabe um dia as coisas mudem de padrão e todos consigam ser como este homem que trouxe este povo para sua libertação. Ser missionário não é ser somente aqui no amanhecer, mas em todos os lugares que cruze com suas vitimas do passado. Que o amor vença mais esta batalha.

Salve Deus!

Adjunto Apurê

An-Selmo Rá

11.05.2021

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!