MANDINGA

Nesta oportunidade que me foi dada eu fui conhecer uma velha mandingueira. Na sua religião se dizia católica, mas ela tinha muitos dons guardados em segredo.

Era uma festa cristã para o Divino em uma cidadezinha do interior de Goiás Eu e Zélia acompanhamos de perto como foi feita a mandinga usando pedaços de roupas. Fomos conhecer para poder desamarrar as vítimas deste enredo.

Nos revestimos daquela energia para não sermos descobertos, mas a profundidade deste evento nos trouxe a razão das consequências desta amarração. Tinha muitos espíritos ali neste caminho, mas vejam, eu estou falando espiritualmente e não materialmente.

Uma multidão de gente presa pela festa que adora um espirito que deveria libertar e não aprisionar. Estávamos observando a festa quando chega uma mulher bem antiga com uns panos nas mãos dizendo que era preciso amarrar certa pessoa para desamarrar outra. Ela tinha seus cabelos bem brancos, sorria, mas era tudo falso.

Ao ela vir para perto, pois nós sabíamos quem ela estava manipulando, ficamos só observando como faria este trabalho. A pessoa era um nosso irmão de doutrina que mora em sobradinho e frequenta o vale de Brasília.

Ela pegou a mão de minha esposa e colocou em sua palma um tecido amarelo cor da nossa morsa em cruz aberta. Ela ia rezando Salve Rainha Mãe de Deus e ia dobrando o tecido. A Zélia começou a dobrar da direita para a esquerda, ela viu e desfez dizendo ser da esquerda para a direita. Como é o sinal da cruz que as pessoas fazem para rezar ou se benzer.

Eu ia assistindo aquilo e sempre cutucando os pés da minha esposa para ela não entrar no padrão. Eu tirava a sua sintonia para não ficar presa a esta energia milenar. A mulher rezava enquanto ela fechava os panos e assim pudemos assistir como se amarra uma pessoa.

Sempre é assim, se amarra um para desamarrar outro. A vida deste irmão é um pouco atribulada pelo rito da mandinga. Vejam que todos tem uma energia morta em suas auras servindo para derrubar seus inimigos e com isso vai prejudicando a sua evolução espiritual.

A festa estava bombando e a mulher ali, ela não arredava seus pés. Não obstante ainda pediu benefícios para terminar este trabalho. Senti que Zélia estava um pouco hipnotizada por ser apara e por isso lhe dei um cutucão bem grande para tirar sua mente deste mundo. A mulher pediu dinheiro e ela iria dar e com isso finalizaria a amarração da pessoa.

Tirei minha mulher dali e viemos embora. Agora eu aprendi como se amarra e sei como se desamarra. Ela não ensinou a desamarrar, mas vendo os sinais do tempo é preciso amarrar outra coisa para soltar quem foi preso. Por isso é uma mandinga negativa.

O uso de roupas, de coisas da vida de uma pessoa, é onde tudo se origina. A energia está impregnada ali e ela vai ser usada de forma a lhe atrapalhar. Se for um objeto tipo de vidro e ele quebra ao cair no chão, ali ele quebrou aquela energia. Agora roupas, tecidos, é mais durável e vai ficar até que se desintegre com o tempo. Conforme o lugar depositado.

Para desfazer este mal é preciso conhecer sua origem. Não se pode retirar um mal com outro mal, porque a corda sempre vai estar sendo puxada e acaba arrebentando para quem desconhece os segredos da magia. Eu digo que são encantos sendo usados de forma vingativa.

A festa continuava e nós voltamos com a mandinga inacabada em mãos. Aqui mesmo na curva do destino eu desfiz e joguei tudo na água corrente. Povo das Águas tomem conta deste serviço. Com a força das águas aquilo vai sendo levado para muito longe e se desfazendo, vai quebrando a energia impregnada. Quando se tira a energia da vitima tudo se desfaz. Por isso a água para lavar roupas, para renovar com outras fontes.

A sabedoria de mestre é conhecer tudo em nosso caminho. Conhecer para desfazer e não refazer. Nós somos a nova estrada tendo que caminhar pelos velhos ensinamentos. Os segredos da cultura de um povo que adora o sol e a lua, mas não sabem como caminhar por esta terra e nem pelo céu que os aguardam.

Assim também é o vodu. Um ritual dos velhos feiticeiros que não vou entrar em detalhes para não acelerar os sentimentos de posse. Eu sei fazer e desfazer, por isso jaguar, tomem muita atenção para que eu vos lhe dizer: Matar é morrer junto. Nós podemos nos perder novamente neste caminho que Seta Branca através de Jesus nos concedeu a verdade plena.

Isso é magia. Isso é o conhecimento de tudo que é bom para nos libertar de nós mesmos. Como Druida eu tenho meus encantos e nunca vou usar para fazer qualquer mal contra alguém. Como o patuá que nos torna invisível pelo mundo espiritual. Como impregnar a energia em metais pela força cósmica ensinada pela líder Druida e Clarividente. Como criar uma barreira que ninguém encoste um dedo em sua vida. São fenômenos especiais, são coisas do espirito e se forem usados de forma inconveniente podem destruir o pequeno mestre.

Ninguém conheceu tão bem esta mulher cheia de dádivas como eu e minha ninfa. Neste curso de 1980 a 1984 ela nos entregou um caminho rico e cheio de detalhes. A ciência nunca irá conhecer os meandros da espiritualidade sem que se liguem a ela.

Ser um mestre é saber se conter diante das provocações. É ter tolerância com todos, humildade para escutar e amor quando for decidir. Uma decisão errada pode mudar o percurso dos destinos.

Assim foi desfeito um mal. A velha benzedeira não soube o que fizemos com aquele vodu. Não sei quanto tempo ainda irá levar para se desintegrar, mas o que foi feito está feito.

Salve Deus!

Adjunto Apurê

An-Selmo Rá

08.04.2021

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!