O AMOR VENCEU – parte dois

Nos primeiros raios de sol deste amanhecer o pequeno pajé resplandeceu em energias tão puras que chegava a doer na vista. Era Seta Branca que chegava com sua corte para enaltecer seus filhos.

Eram tantos mentores que queriam trabalhar com a ninfa que ela teve que esperar um tempo para o mundo espiritual decidir quem desceria. Vovô Agripino estava no comando do congá e vovó Maria do Congá veio em missão. Não obstante muitas entidades de luz presente.

Após o trabalho de contagem foi feita uma pequena explanação sobre a nossa missão. Seta Branca falava por dentro de mim neste momento, foi uma aula evangelizadora. Eu ouvia suas palavras em minha mente e falava tudo que ele pedia. Somente dos céus ouvireis.

Chegou o cavaleiro verde em missão especial e ali naquele momento ao cruzar sua espada sobre a cabeça do comandante ele deu voz espiritual de prisão. Como não temos o trabalho de prisioneiros aqui no templo a sua prisão será espiritual, deverá ficar 15 dias em atenção redobrada para que não perca seus bônus. Como dizia Tia Neiva, caminhar sobre cascas de ovos, de tão sério que é ter uma recomendação do cavaleiro verde.

Daqui a 14 ou 15 dias mais ou menos o mundo espiritual vai fazer sua libertação especial, sábado no templo ou domingo no mesmo pajé que recebeu esta prisão. Estar prisioneiro é perder muitos benefícios da missão, pois o prisioneiro vive a sua cobrança e só zerando seus bônus que ele vai angariar novos. Vai ter que se dedicar em busca do perdão dos seus irmãos para se libertar. Enquanto isso a espada vai ficar cruzada sobre sua cabeça.

Pai Seta Branca ali no pajé resplandecia a sua bondade. Seta Branca, meus irmãos, é pai e não carrasco. Sintam-se felizes por estar de acordo com suas leis.

O sol raiou em nossas vidas e eu mais uma vez tenho que guiar esta grande nave em direção ao invisível mundo dos segredos espirituais. Os segredos que um dia deixarão de ser.

O mundo girou
A vida criou
Ninguém disse nada
No fundo da mata
A pedra rolou
O índio criou
Ninguém disse nada

Quem sabe que a vida
Se a terra parar
E o Sol deixar de esquentar
As nuvens baixinho fazendo gelar

E o véu da noiva impedindo
Trenzinho ligeiro parar
E o Sol partindo pra longe
Indo outro polo esquentar

As águas chegando
O fogo apagando
E as vidas nas vidas se amar
Padres na igreja tentando rezar
Os jovens cantando do céu a entoar

As cordilheiras passando
As campinas se afogando
Descendo as praias do mar
Os peixes falando, idioma singular

Pequenos homens
Grandes tesouros
Equitumans se voltando
Jaguares se desdobrando
Pra vida nas vidas chegarem

Fazendo a luz, no céu clarear
Os cegos enxergando a luz derradeira
E Deus com seu mundo fazendo
Em Cristo Jesus
Seus filhos voltarem

O mundo girou
A vida criou
Ninguém disse nada
No fundo da mata
A pedra rolou
O índio criou
Ninguém disse nada

Assim está escrito e assim permanecerá registrado.

Salve Deus!

Adjunto Apurê

An-Selmo Rá

07.02.2021

Seja bem-vindo ao vale dos deuses!